O autor analisa como a falta de líderes políticos competentes e uma estratégia inovadora prejudicam a política brasileira, relacionando-a a conceitos de "O Príncipe" de Maquiavel
A partir de uma leitura singular de “O Príncipe”, o autor explora livremente e alarga conceitos do clássico de Maquiavel de modo que eles sejam úteis para se pensar a política brasileira, com suas crises intermináveis e a falta de perspectiva para o povo.
Para Fornazieri, o fracasso da política em nosso país decorre da inexistência de uma estratégia inovadora de mudança e de líderes dotados de virtù, genuinamente populares e competentes, justos e capazes de subordinar “sua ambição pessoal à ambição da grandeza do Estado”.
O autor acredita que tendo sido malsucedido em “seus dois momentos cruciais de fundação (Independência e Proclamação da República)”, o país produziu apenas líderes políticos “fracos” e dependentes de “forças auxiliares ou de forças mercenárias para governar”. Sem autonomia, “ou eles perdem o poder, ou fazem enormes concessões aos aliados e terminam fracassados”. Esse quadro desalentador foi, evidentemente, agravado pela pandemia do novo coronavírus, quando o líder de um governo “contrário à liberdade, à democracia, ao Estado de Direito e à Constituição” exibiu seu descaso para com as vítimas no Brasil.
Por meio de um texto denso, mas acessível, “Liderança e poder” é uma obra poderosa e útil, no melhor sentido do termo, tanto para os estudos sobre Maquiavel quanto para os rumos atuais da política brasileira.