Zilah fala sobre seu livro infantil, inspirado em sua experiência com o filho autista, buscando promover a inclusão e compreensão
A Equipe da Editora Contracorrente preparou uma entrevista especial com Zilah Ramires Ferreira, a autora do primeiro livro infantil do selo Do Contra: O menino azul e a família colorida.
Confira abaixo um pouco mais sobre esse lançamento, que já está em pré-venda no nosso site através deste link.
É meu primeiro livro infantil, meu filho-livro único, por enquanto, e como todo filho é impossível não ter orgulho dele.
O livro nasceu da minha necessidade de recontar para o Caio a nossa história e como os autistas precisam de recursos concretos, achei que um livro com ilustrações seria um recurso ideal. Enfim, a estória nasceu da nossa história e se tornou uma forma de contar e recontar tudo de bom ou difícil que nos aconteceu de uma maneira resumida, lúdica e positiva.
Ele não nasceu livro e sim como um recurso de comunicação entre mãe e filho. Tive a grata surpresa de descobrir que esse recurso podia ser aproveitado por outras famílias, que viveram, vivem ou viverão essa mesma história e podem contar com um final feliz, não como resultado, mas como aceitação, pois nos tornamos perfeitos um para o outro.
Sou sinceramente mais feliz depois que me tornei mãe do Caio e da Duda e isso não significa que temos uma vida fácil, sem altos e baixos.
Minha ambição não é de carreira, mas de comunicação, interação com outras famílias e crianças e de promover a inclusão. Não posso exigir que o olhar sobre a condição de autista mude se o meu olhar e sentir não avançar. Estou me abrindo e deixando que outras pessoas nos conheçam para poder conhecer outras famílias e crianças azuis. Estou em busca de aventura.
Pedi ajuda ao meu primo Rodrigo Valim para materializar as imagens descritas no texto e ele me recomendou a Lúcia Brandão. Foi um encontro feliz de poucas palavras e com praticamente nenhuma informação pessoal. Ela leu o texto, fez as ilustrações baseadas na própria sensibilidade e intuição e assim conseguiu reproduzir com impressionante exatidão algumas particularidades de familiares, preferências do Caio e até características posturais e corporais minhas.
A Lúcia desenvolveu todo o trabalho sem qualquer interferência ou sugestão, baseado apenas nas próprias percepções e inspirações e o resultado se transformou em mais um álbum de fotografias da família colorida.
O livro foi escrito há três anos e teve como objetivo recontar o encontro entre a mãe colorida e o filho azul, que hoje já tem 13 anos.
Bem sabemos que a vida não para e, portanto, outros lances importantes foram acontecendo ao longo do tempo e certamente o mais importante foi a chegada da Eduarda, a nossa alegre e cheia de personalidade Duda.
Acho que a relação entre a Duda e o Caio merece mais do que um capítulo, no mínimo um livro.
Gratidão! Zilah